terça-feira, 31 de maio de 2011

Meados do outono

  Uma solidão no parque veio fazer companhia a pobre criança que se divertia assistindo o cair das folhas. Era outono. Seus pés congelavam pois não tinha meias, assim como não tinha dignidade. Sentava com as pernas cruzadas no banco de madeira velha para aquecer as solas dos pés.
  Já faziam horas que as folhas amarelas caíam e já se amontoavam ao pé da árvore. Sua vontade era de sair correndo e espalhar aquele monte. O frio, junto com o cansaço, não deixava. A fome já era esquecida, não se tinha mais conhecimento da sensação de querer comer. Era quase um Nada. O que diferenciava do nada era seu coração. Era pobre mas, por dentro, era rico de sentimentos, idéias e sonhos.
  O Sol já não esquentava mais no outono. A briga contra o frio era constante, porém, sem resultados positivos. Ao chegar da noite, se acomodava na pilha de folhas mortas, ao pé da árvore, para se aquecer. Agarrava as pernas, dormia em forma de concha e esperava aquela sensação de frio intenso passar. Mas não passava. Ela só se deu conta de que não sentia mais frio quando não acordou mais.


Autor: Lucas Braga

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