domingo, 18 de agosto de 2013

Café e você

  Fazem algumas estações que já não a tiro da cabeça. Observo-a pela minha janela toda tarde, principalmente aos Domingos. Me sento para escrever e, desde que a conheci com meus olhos, minha história mudou. Até a necessidade de escrever mudou.
  Me vejo procurando linhas para escrever tudo que noto nela. Traduzo esse sentimento em forma alfabética, incompreensível, talvez. E enquanto isso, passa pela janela, de um lado para o outro, me deixando tonto. Entortando minhas ideias, meu pescoço... Meus pés suam e minhas meias são jogadas para o outro lado do quarto. Minha inspiração me esquenta nas tardes de inverno.
  E entre cada gole de café, meus olhos a procuram cada vez mais. É a cafeína misturada com essa obsessão pelo seu mistério de ser tão mulher, de ser tão assim, distante, mas próxima de mim.
  A cada dia cresce mais, o texto e minha vontade de possuir minha vontade em carne. E quanto mais a olho, mais quero escrever. E quanto mais escrevo, mais preciso de uma oportunidade para sentir tudo que tenho guardado e que ainda não entendo. Mas sei que existe.
  Mas o café ainda é amargo e você ainda não me conhece.


Autor: Lucas Braga
  

domingo, 23 de junho de 2013

Hoje ainda é quinta feira

Queria tanto te dizer, não com palavras, mas com o coração, tudo o que eu sinto, todo arrepio de pele, toda a dor das minhas juntas, a quantidade de vezes que penso em você por dia.
Queria poder te fazer entender, talvez do seu jeito, talvez do meu. Não importa. Sabendo que no final, você estará sorrindo para mim, me abraçando e apertando meu peito ao seu com esse calor suado que você tem.
Talvez eu ainda cresça, talvez não. Eu torço para amadurecer ao seu lado, sorrindo e me divertindo, escutando de você nossas histórias passadas enquanto andamos de mãos dadas, ou não. No calor elas ficam suadas. Mas sempre te fintando com os olhos ardendo em chamas e te pedindo com jeitinho mais um beijo subliminar. Daqueles que você adora me dar...
Hoje eu queria ter você dormindo abraçada, enroscada em meus braços, me pedindo pra contar, mais uma vez, o que eu senti quanto te beijei hoje, ontem, e semana passada.
Talvez seja tempo de correr atrás, me mostrar como se faz, me declarar para seus pais. Beijar sua mão em meio a multidão, te pedir a mão e ouvir um não, mesmo que seja de brincadeira. Afinal, hoje ainda é quinta-feira.



Lucas Braga

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ideia

  Sabe quando uma ideia surge durante o ócio profundo ou uma lavagem de louça? Quando você está prestes a dormir, ou simplesmente fazendo algo completamente diferente da ideia? Pois foi o que me aconteceu agora. A ideia vem e você fica com aquela vontade de anotar em algum lugar mas você não anota, prefere guardar na cabeça para o futuro mas sabe, no fundo, que vai esquecer.
  Já tentei imaginar quantas vezes passei por isso e ideias brilhantes poderiam ter simplesmente sumido porque eu e mais todas as pessoas que fizeram e fazem isso por preguiça. Mas eu amo a preguiça. Sou preguiçoso desde que nasci.
  Uma vez eu anotei o que tinha na cabeça mas acabei perdendo o papel. Já anotei no celular também mas esqueço de ver. Resumindo, as ideias servem para serem aproveitadas frescas e recém pensadas ou encontradas pelo ar. Falando nisso, eu esqueci qual era a minha ideia...


Autor: Lucas Braga

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Pão

  Acordei depois daquele momento em que o sonho está perfeito. Você está feliz e tudo parece dar certo no sonho. É estranho a sensação que se tem quando você se depara com duas realidades completamente diferentes em menos de cinco segundos. Não era uma sensação que eu estava acostumado, mas eu conhecia. Não sonhava tinha um pouco mais de um mês.
  Assim que abri os olhos, sabia que tinha que ir comprar pão. Eu não tinha comido antes de dormir exatamente por esse motivo. Não tinha pão e eu precisava ter comido. Nada mais justo do que acordar com fome, sabendo que tinha que sair de casa. O tempo era quente, abafado daquele jeito que ninguém gosta. Você começa a suar mesmo antes de sair do prédio.
  Me arrumei sem demora para descer. Peguei meus óculos escuros, botei meu chinelo e fui para a padaria. Meu elevador desce e para no sétimo andar. Entra nele, um homem de uns quarenta e poucos anos. Acho que nunca o vi. Não presto muita atenção nas pessoas do meu prédio. Só tem gente esquisita, ninguém conversa, não existe educação. Portanto, eu não existo nesse prédio. Mas, isso é um outro assunto. Voltando para o elevador, uma coisa que me chama a atenção é que durante vinte segundos, não sei, você divide um espaço pequeno com outras pessoas que entram e muitas delas não dizem um "oi", um "bom dia", e eu não me importo se não quer falar, as vezes eu não quero também. Muitas vezes é a primeira pessoa que você encontra no dia, no meu caso foi assim. Pra variar, não houve som emitido dentro do elevador.
  Saindo do meu prédio, sabia que precisava comprar pão. Enquanto ia para a padaria, começa a chover. É óbvio e eu nunca aprendo... Mas eu gosto da chuva, não ligo de ficar molhado. Tirando o cabelo que sempre fica ridículo. Chego, pego o pão que eu estou para comer desde ontem, mas sendo de hoje. Vou pro caixa. "Bom dia". Gosto de falar com o vazio às vezes. Me sinto bem enquanto existe um ser na minha frente na caixa registradora. É... dessa vez tive o azar de não falar com uma pessoa educada. Mas eu sou bom em marcar o rosto das pessoas. Na próxima vez que eu tiver que comprar pão, não será com ela. é engraçado esse momento em que você compra algo de alguém através de uma pessoa que registra o produto que você compra sem nenhum diálogo e de uma forma tão natural.
  Ao sair da padaria, lembro que estava chovendo. E a chuva não estava mais boa. chovia muito mais e eu não estava mais de bom humor. Na verdade nunca estive desde que eu voltei a sonhar, hoje por sinal. Não gosto de sonhar. Não mais. Os pingos eram grandes e faziam aquelas manchas molhadas na camisa que você consegue diferenciar das outras dos pingos normais. E eu não queria ficar molhado daquele jeito. Corri de volta para casa, mesmo pisando em duas poças e ter escutado meu estômago roncar umas três vezes.
  O saco de pão estava quente e eu estava no elevador, novamente dividindo com outra pessoa. Minha roupa toda molhada, meu cabelo ridículo. Vendo no espelho do elevador então, era pior ainda. Os espelhos de elevadores costumam me deixar mais feio. Meus pés estavam sujos, minha canela também. Minha barriga doía muito de fome já. "Pegou uma chuva heim?".


Autor: Lucas Braga

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Breve ida ao bar

  Hoje vivi um pouco diferente, mais triste talvez. E o que eu sempre ouvi de meus amigos foi: "A bebida cura qualquer coisa". Nunca acreditei que a bebida poderia fazer algo além de dar uma breve tontura, uma ressaca no dia seguinte e ainda por cima, maltratar o meu fígado que já não é dos melhores. Mas, dessa vez, resolvi seguir o conselho dos poucos e me meti num bar.
  Sujo, porém perfeito para derramar aquelas lágrimas que sobraram do último choro e o resto da bebida no copo. "Dose dupla de vodka, por favor". Seria melhor se eu pudesse refletir durante a ida do garçom sobre o que tem me deixado tão... digamos... Errado em viver a vida dessa maneira. E o tempo não foi muito tolerante, pois meu remédio já chegou antes mesmo de começar a desabafar comigo mesmo.
  De gole em gole, as palavras saíram mudas, mas muito bem escutadas por mim. É complicado quando o sentimento ultrapassa qualquer barreira física e emocional do próprio ser. E eu me encontro assim. Já me entreguei, mas não é suficiente.  A necessidade de um abraço,  um beijo e um olhar carinhoso é maior do que as próprias batidas que meu coração dá. "Mais um, por favor".
  Queria poder escrever, mas só sei falar. Só sei me entender. Eu tento, juro, mas às vezes os planetas não estão do seu lado e tudo começa a dar errado, ou seria errado por eu fazer assim? "Garçom, dose tripla, por favor". Quem sabe um SMS melhoraria meu humor. Talvez se eu ligasse... Queria eu não ser tão fraco, com a bebida, é claro.
  Desce queimando a garganta e batendo com força na boca do meu estômago. Esquentou. Me deu o calor que não era o que eu queria, mas ajuda. Acabei derramando o que eu não queria. Não consigo me imaginar sem você, a morte é certa. Não que seja ruim morrer, mas ficar sem você seria uma dor sem medida. "Está na hora de ir embora". Eu não sabia se eu estava conversando comigo mesmo, se era o garçom ou sei lá quem. Mas felizmente sua voz macia me fez sair da embriaguez por um segundo e me pus em pé. Eu sabia, no fundo, que não estava na hora de pagar a conta. "Me leva pra casa, por favor"...


Autor: Lucas Braga