quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Breve ida ao bar

  Hoje vivi um pouco diferente, mais triste talvez. E o que eu sempre ouvi de meus amigos foi: "A bebida cura qualquer coisa". Nunca acreditei que a bebida poderia fazer algo além de dar uma breve tontura, uma ressaca no dia seguinte e ainda por cima, maltratar o meu fígado que já não é dos melhores. Mas, dessa vez, resolvi seguir o conselho dos poucos e me meti num bar.
  Sujo, porém perfeito para derramar aquelas lágrimas que sobraram do último choro e o resto da bebida no copo. "Dose dupla de vodka, por favor". Seria melhor se eu pudesse refletir durante a ida do garçom sobre o que tem me deixado tão... digamos... Errado em viver a vida dessa maneira. E o tempo não foi muito tolerante, pois meu remédio já chegou antes mesmo de começar a desabafar comigo mesmo.
  De gole em gole, as palavras saíram mudas, mas muito bem escutadas por mim. É complicado quando o sentimento ultrapassa qualquer barreira física e emocional do próprio ser. E eu me encontro assim. Já me entreguei, mas não é suficiente.  A necessidade de um abraço,  um beijo e um olhar carinhoso é maior do que as próprias batidas que meu coração dá. "Mais um, por favor".
  Queria poder escrever, mas só sei falar. Só sei me entender. Eu tento, juro, mas às vezes os planetas não estão do seu lado e tudo começa a dar errado, ou seria errado por eu fazer assim? "Garçom, dose tripla, por favor". Quem sabe um SMS melhoraria meu humor. Talvez se eu ligasse... Queria eu não ser tão fraco, com a bebida, é claro.
  Desce queimando a garganta e batendo com força na boca do meu estômago. Esquentou. Me deu o calor que não era o que eu queria, mas ajuda. Acabei derramando o que eu não queria. Não consigo me imaginar sem você, a morte é certa. Não que seja ruim morrer, mas ficar sem você seria uma dor sem medida. "Está na hora de ir embora". Eu não sabia se eu estava conversando comigo mesmo, se era o garçom ou sei lá quem. Mas felizmente sua voz macia me fez sair da embriaguez por um segundo e me pus em pé. Eu sabia, no fundo, que não estava na hora de pagar a conta. "Me leva pra casa, por favor"...


Autor: Lucas Braga