domingo, 31 de julho de 2011

Ainda é cedo

  Teve uma vontade de ligar para ele mas achou melhor sofrer um pouco. Não era tarde, então essa desculpa não ia funcionar. Achou melhor deixar como estava.
  A saudade prematura veio e não pôde se controlar. Gritou de forma muda. Sua noite não podia acabar sem um "boa noite" daquela voz macia e doce que entra pelos poros da pele e se fixa no coração.
  Essa noite não foi normal, teve insônia.


Autor: Lucas Braga

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Algo está errado

  Ela sentia algo estranho. Tinha alguma coisa incomodando seu coração e não era apenas a saudade.
  Dizem que no estado ébrio do amor, você consegue perceber as coisas com mais lucidez. Pode ser que ela esteja passando por isso. E tudo que dizem, pode ser, na verdade, coisa da cabeça dela. Possuímos inúmeras vozes adormecidas dentro da gente.
  Não existe felicidade sem tristeza. E foi isso que a preocupou quando sua amiga comentou sobre seu marido. Seria possível que ele mentisse à ela? Aqueles abraços que ele dava em suas amigas eram mais apertados e calorosos do que o necessário, ou seria apenas imaginação? Juras de amor e beijos apaixonados são fáceis de enganar.
  Não lhe resta dúvida e nem certeza. Sua mente está poluída de confusão e não existe nada a se fazer. Há momentos de desespero da mesma forma que há momentos de calmaria. Sua alma dói. Em quem se deve confiar se não no coração?


Autor: Lucas Braga

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Frio

  Por quê no frio, eu me sinto mais sentimental? Será que é no frio que eu realmente percebo quem eu sou? Ou então, a sua ausência, a falta do seu corpo junto ao meu, me cria essas alucinações?
  Me sinto sozinho. Me sinto frio e já não são apenas as pontas de meus dedos e minhas orelhas que estão geladas. Meu coração arde ao bater e machuca meu peito pedindo socorro para a única pessoa que o faz feliz. Você sabe para quem é. Na verdade, todos sabemos...
  Pode ser que o frio tenha nos afastado para que pudéssemos senti-lo melhor. Mas já estou cansado de ficar longe de ti. Eu quero que ele vá embora e só volte quando você o chamar. Você vai chamar? Ou melhor, você vai voltar?
  Enquanto não volta, eu irei te esperar, no frio. E só desistirei quando meu coração parar de te chamar.


Autor: Lucas Braga

sábado, 2 de julho de 2011

Seis da tarde

  Eu acordo e já são seis da tarde. Não me sinto descansada e muito menos bem. Parece que o álcool de ontem corre pelas minhas veias e minha dignidade ficou vagando pelas ruas.
  Não tenho tempo para tomar um banho e retirar esse cheiro que se impregnou em mim. Eu sou um trapo! Quando me dou conta, já são oito da noite e eu preciso me arrumar para sair. Me arrumo e saio sem falar com ninguém de casa, afinal, ninguém aqui sabe mais que eu existo.
  Chego no bar e já peço o de sempre: Dose dupla de vodka. Isso só para começar a noite (ou tirar o jejum do novo dia). Depois de quatro ou cinco dessas, me jogo no meio das pessoas e começo a puxar assunto como uma louca. É claro que já sou conhecida aqui, vivo fazendo vexame.
  São quatro da manhã e estou acendendo meu décimo cigarro sozinha. Escorrem lágrimas pelo meu rosto e a vontade de ficar de pé já foi dormir. Tudo está embaçado e turvo, não consigo focar minha visão em nada. Vou andando para casa...
  Quando me dou conta, estou no sofá e já são seis da tarde.


Autor: Lucas Braga